No
evangelho de Lucas capítulo 2 e versículos 36 ao 38, encontramos um
breve relato da vida da profetiza Ana. Essa mulher vivia no templo,
dia e noite, orando e jejuando a Deus. Para nos localizarmos melhor,
quero relatar a história que antecede esse momento.
Falamos
do período interbíblico, o espaço de tempo entre o Antigo e o Novo
Testamento. Foram mais de 400 anos de silêncio de Deus para com o
seu povo. Mesmo havendo a promessa de um Messias, parecia que as
coisas não estavam acontecendo como o esperado. No ano 175 a.C,
Antíoco Epifanio assumiu o poder na palestina, iniciando assim um
período dramático para os judeus. Esse líder proibiu elementos
fundamentais dos costumes judaicos, tentou destruir todas as cópias
da Torá, exigiu que o deus grego Zeus fosse cultuado e, por fim, o
maior desrespeito para com os judeus, ele sacrificou um porco no
templo de Jerusalém.
Ana
nasceu nesse período dramático, mas a cultura judaica, os ensinos
da Torá e dos profetas foram solidamente sedimentados em sua mente e
em seu coração.
No
ano 37 a.C, Herodes inicia seu governo sobre a terra santa (o período
Herodiano).
Ana
se casa, mas após sete anos do seu casamento seu marido vem a
morrer. A Profetiza, então, sabendo da promessa de que haveria de
nascer um que pisaria a cabeça da serpente, colocou no seu coração
de dar a vida para servir no templo. E assim o fez.
Ana
tornou-se uma autêntica mulher de oração, de jejum e dedicação
ao Senhor. E mais: era uma mulher perseverante; esperava convicta o
que Deus havia prometido, desejava com ardor ver a redenção de
Jerusalém.
Certo
dia Ana estava no templo, e entrou um casal com uma criança para ser
apresentada a Deus, como era costume dos judeus. Creio que nesse
momento Deus confirmou no coração de Ana que ali estava o começo
do cumprimento da promessa. Conjecturo: Ana tomou nos braços,
acariciou a criança, olhou para Simeão, que com um olhar e meio
sorriso confirmou que em seus braços estava o Salvador do mundo, o
libertador de Israel.
Não
por acaso a Bíblia registra o testemunho desta mulher. A sua
perseverança nos anima. Ela passou muitos anos servindo no templo
sem se dar ao luxo de se casar novamente, aguardando o momento
especial em sua vida: ter o menino Jesus nos braços.
Nós,
cristãos, temos muitas promessas. A maior delas é a vinda de Jesus
nos ares e, consequentemente, o arrebatamento. Mesmo assim, esperamos
tantas coisas que pedimos a Deus, tantos sonhos que ansiosos
aguardamos, porém, muitas vezes, não somos perseverantes como foi
Ana.
Talvez
alguém perguntasse a Ana: você ainda tem esperança de ver o
Messias? Por que você não abandona essa ideia e volta para sua
terra, para sua casa, e vai viver a tua vida? Assim estamos nós. A
promessa do arrebatamento ainda não foi cumprida. Já se passaram
dois mil anos, e ainda esperamos. Quantos morreram aguardando a
promessa? Existem coisas que se cumprem nas nossas vidas quando ainda
estamos vivos; outras podem se cumprir após a nossa morte.
A
Bíblia não registra que Ana viu os milagres de Jesus, que Ana
acompanhou as pregações dEle, que esteve presente na sua
crucificação. Mas ela teve o grande privilégio de saber que Deus
iniciou o processo de restauração de Israel com o nascimento do
menino. Ana esteve com Ele nos braços.
O
que você tem esperado de Deus? Por qual motivo tens sido
perseverante? Contemple o bebê, tenha fé que tudo se cumprirá por
completo. Talvez você não esteja mais aqui quando acontecer o
completo cumprimento do propósito de Deus. Entretanto, a promessa já
está em processo. Creia, assim como Ana. Não desista. Não desanime
com o passar dos anos, porque Deus é poderoso e fiel para cumprir as
suas promessas.
Deus
abençoe a tua vida!
Pr.
Leandro Silva