terça-feira, 13 de agosto de 2019

O processo de fabricação do vaso


Contudo, Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos.
Isaías 64:8

Quando olhamos um vaso não imaginamos o processo que o barro passou para ser transformado em um objeto decorativo ou de uso pessoal. Na antiguidade os vasos tinham várias utilidades. Havia vasos para honra e para desonra (2Tm 2.20-21). Eram usados nas mesas como usamos hoje os copos e taças, mas também eram usados para o serviço doméstico e até como sanitários.
A Bíblia nos compara a vasos de barro, devido à forma da sua fabricação, o seu valor, assim como a sua utilidade.
O processo de fabricação inicia lá no brejo, quando o oleiro vai em busca do barro/argila. Ele olha aquele material ainda com um aspecto feio, malcheiroso, sujo, cheio de raízes e resíduos, mas já nesse momento consegue visualizar o vaso pronto, bonito e útil para alguma finalidade específica. Isso porque ele conhece a qualidade, a substância que tem aquela massa aparentemente inútil.
Levado para a olaria, o barro enfrenta vários processos, entre eles o descanso, limpeza, prensa e amassadeira, quando o barro é pisado, esquecido, cortado e amassado. Mas esse procedimento é necessário para que, ao ser trabalhada sobre a roda do oleiro, a massa esteja uniforme, sem sujeiras, sem pedras, sem bolhas e no ponto para ser moldada.
Note-se que no início do processo o barro não apresenta um aspecto bonito e limpo, mas de muita sujeira. E todos que têm contato com ele acabam sujando suas mãos e suas roupas, inclusive o local onde ele está sendo trabalhado também tem essas características.
Após o descanso do barro, já extraídos todos os resíduos e o excesso de água, o oleiro inicia a fabricação do vaso. Após girar a roda por um tempo, lá está o vaso que, depois de secar mais um pouco, vai para o forno a uma elevada temperatura, e então o oleiro tem a alegria de olhar e se orgulhar da sua obra.
A análise da fabricação do vaso nos traz muitos ensinos. Porém quero falar de apenas cinco situações que passamos para nos tornar um vaso de honra nas mãos do nosso Deus.
1. Escreveu o salmista, no Salmo 40: Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo… Deus sabe o valor daquele a quem Ele próprio estende a mão e tira da vida de pecado. Deus sabe o que pode ser feito através daquele barro, e tem um propósito para ele quando passar por todas as etapas do amadurecimento. Isso trará dor, desprezo, perseguição. Deus sabe disso, pois Ele conhece o nosso futuro. Por isso Ele já visualiza o vaso que será construído. Não será um vaso qualquer, porque tudo o que Deus faz é bom e em tudo há proveito.
2. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá (1Pe 5.10). O processo que o barro enfrenta na olaria de Deus é doloroso, muitas vezes esquecido pelos homens, pisado pelos orgulhosos, amassado pelos que se dizem amigos, mas tudo isso é necessário, são etapas que transformam o barro em uma massa homogênea, um barro completamente moldável por Deus. Quando Ele o levar para a roda, não vai ter dificuldades para fazer conforme Sua vontade.
3. Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres (Ef 5.11). O modelo e o tamanho do vaso não são projeto humano; “Ele designou”. Sendo assim, nós, os seus servos, não temos o direito de escolher o que queremos ser no Reino de Deus. Vemos muitas pessoas escolhendo cargos, correndo atrás de títulos, se especializando para alcançar objetivos ministeriais, cantando igual ao seu ídolo, pregando como o famoso pregador, o que não é escolha sua. Espera em Deus, que Ele está te formando conforme o seu querer. Deus sabe qual será a utilidade do vaso. Também precisamos saber que Deus não fabrica vasos por linha de produção, Ele se dedica a fabricar cada um, especialmente. Ele vê algo especial e diferente em cada um. Por isso não queira ser igual a ninguém, pois Deus destinou tempo exclusivo para te fazer um vaso especial e único.
4. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1Co 6.19). Lembra que para amolecer o barro e amassá-lo se faz necessário muita água durante o processo. Barro endurecido é impossível de ser moldado. A água, nesse caso, é o símbolo do Espírito Santo. Ninguém suportaria ser pisado, esquecido e amassado sem a ação do Consolador. Ele está presente em todos os momentos da tua vida, infiltrado em cada centímetro para que nada se perca, mas é inevitável que, quando o barro é deixado para descansar, a água comece sair lentamente, pois o barro não segura a umidade.
Mas tem o momento do forno, a última batalha do vaso, que é a prova de fogo. Mas assim como o quarto homem esteve na fornalha com os três moços, Ele estará contigo. Ao ser tirado do forno, algo muda no vaso, acontece uma grande transformação, e a água que não permanecia no barro, agora pode ser derramada em abundância, porque a forma côncava do vaso é própria para manter o Espírito Santo dentro de si. E as paredes do vaso agora não são mais barro, mas se tornaram uma espécie de cerâmica, impossibilitando a fuga da água. Nesse momento o homem estará desfrutando da total companhia do Espírito Santo, pois tornara-se casa, templo dEle.
5. Apenas duas são as ferramentas usadas por Deus para a fabricação do vaso na roda. Nenhuma outra é necessária para que o vaso saia perfeito. Após o pedaço de barro ser colocado “no centro” da vontade de Deus e começar a rodar, as mãos do Oleiro serão colocadas no interior do barro, fazendo as mudanças necessárias de dentro para fora, até que o vaso ganhe forma. E nesse processo não pode faltar água em abundância.
Não se deixe ser moldado por ninguém. Vaso que se preze segue o mesmo processo de fabricação dos tempos de Jeremias, não havendo necessidade de mais do que as mãos do Oleiro e água. Muitos querem fabricar obreiros por aí, mas não têm o mesmo resultado. Portanto, entregue-se nas mãos de Deus, com o auxílio do Espírito Santo, e verás onde você chegará!
Querido, você que está lendo este artigo, saiba que todo o processo de fabricação é doloroso. Mas ao atingir o status de vaso, verás que as etapas da tua vida espiritual e ministerial valeram a pena, pois você aprendeu muito, e hoje está sendo usado como um vaso para honra. Nenhum oleiro gostaria de produzir vasos para descarte, mas para usá-los com muito carinho e orgulho do trabalho realizado. Você é especial, você é um vaso exclusivo!

Pr. Leandro Silva

sábado, 6 de julho de 2019

Convenção na Argentina


Tive a honra de juntamente com o Pr. Argemiro R. da Silva, o Ev. Isaac Goulart e o Pb. Alceu Garcia participar de mais uma AGO da COMADAR (Convenção de Ministros a Assembleia de Deus na Argentina) na cidade de Oberá, Missiones, na ocasião fui um dos palestrantes sob o tema: Os conflitos no ministério pastoral. Louvo a Deus pela vida do Pr. Nilton de Oliveira, presidente; Pr. Selmo Batista, vice presidente e Pr. Gerson, anfitrião. Na ocasião também foi empossado como presidente regional da província de Córdoba o nosso missionário Ev. Flávio Pereira. A Deus toda a glória para sempre.


Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Perseverança


No evangelho de Lucas capítulo 2 e versículos 36 ao 38, encontramos um breve relato da vida da profetiza Ana. Essa mulher vivia no templo, dia e noite, orando e jejuando a Deus. Para nos localizarmos melhor, quero relatar a história que antecede esse momento.
Falamos do período interbíblico, o espaço de tempo entre o Antigo e o Novo Testamento. Foram mais de 400 anos de silêncio de Deus para com o seu povo. Mesmo havendo a promessa de um Messias, parecia que as coisas não estavam acontecendo como o esperado. No ano 175 a.C, Antíoco Epifanio assumiu o poder na palestina, iniciando assim um período dramático para os judeus. Esse líder proibiu elementos fundamentais dos costumes judaicos, tentou destruir todas as cópias da Torá, exigiu que o deus grego Zeus fosse cultuado e, por fim, o maior desrespeito para com os judeus, ele sacrificou um porco no templo de Jerusalém.
Ana nasceu nesse período dramático, mas a cultura judaica, os ensinos da Torá e dos profetas foram solidamente sedimentados em sua mente e em seu coração.
No ano 37 a.C, Herodes inicia seu governo sobre a terra santa (o período Herodiano).
Ana se casa, mas após sete anos do seu casamento seu marido vem a morrer. A Profetiza, então, sabendo da promessa de que haveria de nascer um que pisaria a cabeça da serpente, colocou no seu coração de dar a vida para servir no templo. E assim o fez.
Ana tornou-se uma autêntica mulher de oração, de jejum e dedicação ao Senhor. E mais: era uma mulher perseverante; esperava convicta o que Deus havia prometido, desejava com ardor ver a redenção de Jerusalém.
Certo dia Ana estava no templo, e entrou um casal com uma criança para ser apresentada a Deus, como era costume dos judeus. Creio que nesse momento Deus confirmou no coração de Ana que ali estava o começo do cumprimento da promessa. Conjecturo: Ana tomou nos braços, acariciou a criança, olhou para Simeão, que com um olhar e meio sorriso confirmou que em seus braços estava o Salvador do mundo, o libertador de Israel.
Não por acaso a Bíblia registra o testemunho desta mulher. A sua perseverança nos anima. Ela passou muitos anos servindo no templo sem se dar ao luxo de se casar novamente, aguardando o momento especial em sua vida: ter o menino Jesus nos braços.
Nós, cristãos, temos muitas promessas. A maior delas é a vinda de Jesus nos ares e, consequentemente, o arrebatamento. Mesmo assim, esperamos tantas coisas que pedimos a Deus, tantos sonhos que ansiosos aguardamos, porém, muitas vezes, não somos perseverantes como foi Ana.
Talvez alguém perguntasse a Ana: você ainda tem esperança de ver o Messias? Por que você não abandona essa ideia e volta para sua terra, para sua casa, e vai viver a tua vida? Assim estamos nós. A promessa do arrebatamento ainda não foi cumprida. Já se passaram dois mil anos, e ainda esperamos. Quantos morreram aguardando a promessa? Existem coisas que se cumprem nas nossas vidas quando ainda estamos vivos; outras podem se cumprir após a nossa morte.
A Bíblia não registra que Ana viu os milagres de Jesus, que Ana acompanhou as pregações dEle, que esteve presente na sua crucificação. Mas ela teve o grande privilégio de saber que Deus iniciou o processo de restauração de Israel com o nascimento do menino. Ana esteve com Ele nos braços.
O que você tem esperado de Deus? Por qual motivo tens sido perseverante? Contemple o bebê, tenha fé que tudo se cumprirá por completo. Talvez você não esteja mais aqui quando acontecer o completo cumprimento do propósito de Deus. Entretanto, a promessa já está em processo. Creia, assim como Ana. Não desista. Não desanime com o passar dos anos, porque Deus é poderoso e fiel para cumprir as suas promessas.
Deus abençoe a tua vida!

Pr. Leandro Silva