domingo, 19 de abril de 2020

Os caminhos dos homens e os caminhos de Deus

Porque os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, e os caminhos de vocês não são os meus caminhos”, diz o Senhor.
“Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos são mais altos do que os pensamentos de vocês. Is 55.8-9

Nos momentos de crise é quando a maioria daqueles que creem em Deus buscam refúgio em Sua Palavra. Procuramos textos bíblicos para nos localizarmos, para termos argumentos e para entendermos o porquê das coisas que acontecem, o que nos traz certa calma e direciona nossos pensamentos para que a alma não se entristeça.
Pelo texto bíblico acima, se bem interpretado, concluímos que Deus está nos dizendo: acalme-se, tranquilize-se, o que vocês estão enfrentando é apenas uma pedra no caminho, é um momento de dificuldades que vai passar, não pensem que isso vai durar a vida toda, pois os pensamentos de vocês não vão além do agora, e os meus são eternos.
“Não vos conformeis com este mundo...” (Rm 12.2). Para praticar esse conselho de Paulo, é só colocarmos as nossas mentes a serviço de Deus e entenderemos o que Deus tem para nós. Ele tem algo muito maior, mais sublime, um caminho aplanado e com sinalizações bem definidas.
O mundo está em aflição, a população mundial está agitada. Mas o povo de Deus não se permite ser formatado com as pressões do presente século. Não pense como o mundo, não siga o mesmo caminho, permaneça no caminho que Deus preparou para você, e, com certeza, você não será decepcionado.
É complicado viajar com alguém que procura dar opinião no trajeto em que escolhemos para trafegar? É difícil ser orientado por quem não conhece a estrada? Agora imagina Deus, o Deus dos céus, que conhece todas as coisas, que conhece o futuro, ter de tolerar o homem tomando seus próprios caminhos sem saber o que vem depois. É necessário que todo cristão aprenda isto, os caminhos e pensamentos de Deus não são os mesmos que os nossos.
Entender isso é humilhar-se na presença dEle, é reconhecer que estamos muito aquém dos planos de Deus e que, definitivamente, não somos páreo para Ele.
É necessário reexaminar nossos sentimentos humanos e nos voltarmos para a escola de Deus. É necessário nos tornarmos como crianças (Mt 18.3) e entendermos que nossas expectativas são muito pequenas ao olharmos para Deus. Quando comparamos duas pessoas adultas, fazemos uma espécie de paralelo, mas quando uma criança olha para um adulto, ela entende que está em nível inferior. Assim nós precisamos entender que não devemos traçar paralelos entre Deus e nós.
Entre os caminhos divinos e os caminhos dos homens existe um abismo. Eles não levam para o mesmo lugar. Mas nós, como temos livre arbítrio, devemos escolher se queremos andar em caminhos inferiores e decidir a nossa caminhada, ou fazer como aponta o salmista no Salmo 37.5: “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará”.
Os caminhos do homem são práticas pré-estabelecidas, são atitudes que geralmente copiamos de outros, são práticas aprendidas com nossos pais através da cultura em que estamos inseridos. E os pensamentos humanos são apenas conceitos, ideias que ouvimos durante nossa caminhada terrena. Porém Deus age na esfera do sobrenatural, do eterno, Ele não vive nem pensa nessa atmosfera inferior, comum dos homens, pois os seus caminhos são superiores aos nossos.
O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (Pv 16.1). O homem traça o seu caminho, mas, se quiser, se tiver interesse em saber se está realmente correto e conforme a sua Palavra, ouça a Deus, pois é dEle que vem a resposta certa.
Tudo o que estamos vivendo hoje são caminhos de Deus. Se o homem não aceitar andar nele, não será forçado a fazê-lo; poderá seguir seu próprio caminho. Entretanto, aquele que aceitar caminhar pelos caminhos do Senhor chegará ao destino preparado por Deus para todos aqueles que o aceitarem.
Não fique ansioso, não esteja temeroso, Deus é quem controla o mundo. O poder está em suas mãos. Tudo o que está acontecendo é permissão de Deus, são caminhos do Senhor, permaneça nEle e chegará ao destino que o próprio Deus preparou para você.
Como poderemos comparar os nossos pensamentos e nossos caminhos com os de Deus?
Acredite, Deus tem algo muito maior. Portanto espere passar todas essas coisas e desfrute do que Deus preparou para nós. Após a tempestade vem a bonança.

Pr. Leandro da Silva

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Lições do Bom Samaritano


Na Bíblia há uma história muito conhecida, registrada em Lucas, capítulo 10, a partir do versículo 25. Refiro-me a uma parábola que Jesus proferiu ao ser indagado por um mestre da lei, uma autoridade na lei mosaica.
Jesus não era bem vindo entre eles, os sábios. Prova disso é a ocorrência de vários conflitos entre Jesus e fariseus, saduceus ou com os escribas. A causa de não aceitarem Jesus é que Ele os ignorava, dava mais atenção aos pobres que viviam à margem do judaísmo. Essa atitude do Mestre incomodava os religiosos e, para piorar, Jesus falava muitas coisas que eles não gostavam de ouvir.
Em uma dessas ocasiões, um escriba ou mestre da lei resolveu pôr Jesus à prova. “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Mesmo conhecendo a lei, a pergunta foi muito tola, pois deu a entender que o escriba conhecia, porém não vivia a lei. Ao ser questionado por Jesus, o homem falou da lei com muita facilidade, pois conhecia a lei de cor e salteado. Depois de ouvi-lo, Jesus simplesmente respondeu: “Então faça isso e viverás”. O Mestre sabia que ele não vivia o que falava. Ao se sentir encurralado com o conselho de Jesus, acaba caindo numa grande armadilha ao perguntar quem era o seu “próximo”.
Jesus responde com uma narrativa, a parábola do Bom Samaritano, para deixar uma lição não somente para o escriba, mas para todos nós. Jesus não define quem é o homem que descia. Não o identifica como identificou os demais personagens, simplesmente para que nós em nossos dias possamos entender que não é raça, cor, cultura ou classe social que define o nosso “próximo”, significando que qualquer pessoa que estiver necessitada de ajuda deve ter a nossa atenção.
Em certo momento, Jesus acrescenta personagens, dois símbolos da religião judaica, o sacerdote e o levita, que na época estavam mais preocupados com o ritualismo e com o cerimonial do que com a vida prática. Provavelmente eles tinham vários motivos para não atender o necessitado, mas nenhum desses motivos servia como desculpa para deixar o necessitado abandonado à beira do caminho.
Jesus então coloca um samaritano na parábola. Quem conhece a história sabe que o mestre da lei ficou intrigado com isso. A propósito, Jesus escolheu um desprezado samaritano para ilustrar o correto tratamento que se deve dar ao próximo. Mesmo sendo odiado pelos judeus, foi o samaritano quem parou para dar auxílio ao necessitado.
O samaritano, mesmo desvalorizado, tinha um coração amoroso. E a imagem do homem naquela situação foi a fonte da íntima compaixão que o motivou. É que ele sabia colocar-se no lugar do moribundo, algo que os dois personagens anteriores não tinham condições de fazer. A prioridade para o samaritano agora era auxiliar, ajudar, estender a mão, correndo os mesmos riscos, na mesma estrada perigosa, em situação de vulnerabilidade, mas reconhecendo que naquele momento o seu próximo precisava dele. Usou aquilo que tinha para o seu próprio uso, repartiu, gastou, deixou o conforto da sua cavalgadura e seguiu a pé. Detalhe importante: não foi aplaudido por ninguém.
Após finalizar a estória, Jesus perguntou ao mestre da lei: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. Confesso que eu esperava outra resposta. Ele poderia ter dito “o samaritano”. Entretanto, mais uma vez ele provou não estar preparado para reconhecer o próximo, pois não teve coragem de identificá-lo, e disse: Aquele que usou de misericórdia.
Assim como o sol não escolhe para quem quer brilhar, o cristão não pergunta para quem deve fazer o bem, pois fazê-lo deve ser parte integrante de sua natureza. O amor benigno não reconhece fronteiras, nem faz distinção entre pessoas, mas socorre sem vacilar a qualquer um que tenha necessidade;
Com essa ilustração maravilhosa, não há quem não entenda que, para herdar a vida eterna, não basta saber a lei, mas é necessário praticá-la. Ali estava um mestre da lei que não conhecia o caminho. Na realidade ele queria saber o que fazer para “merecer” a vida eterna. Só que a vida eterna não está relacionada a merecimento.
Pergunto a você, querido leitor: o que tens feito para herdar a vida eterna?

Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O Senhor é o meu pastor


Salmo 23

A sociedade pós moderna nos influencia a sermos cada vez mais arrojados. Se estivesse à nossa disposição escolhermos as características de algum animal, provavelmente desejaríamos as mais marcantes, como ferocidade, velocidade, tamanho, rugido etc. Mas quando lemos o Salmo 23, nos deparamos com um homem chamado Davi, que lutou contra o urso e o leão, e ainda matou o gigante. Entretanto, parece que se contradiz ao escrever as seguintes palavras: “O Senhor é o meu pastor”. É sabido que nenhum outro animal necessita de pastor, a não ser a ovelha.
Não podemos afirmar se Davi escreveu o referido Salmo quando ainda era um jovem pastor ou na sua velhice. O certo é que, olhando ou lembrando as ovelhas, ele se deu conta de que, para ter um pastor, era necessário apresentar as características de ovelha. Então ele se projeta para debaixo do cajado de Deus, se coloca na posição ao ver que as ovelhas são dependentes do seu pastor.
Basta uma breve procura na internet para encontrarmos algumas curiosidades sobre esse animal fraco, indefeso e dependente de um protetor, para encontrarmos as seguintes características: extremamente dócil, não tem garras, não tem dentes fortes, não tem veneno, obediente, porém ingênuo em certos pontos, pois se perde do grupo por simples distração, não sabe se defender dos predadores, mas, em contrapartida, é muito inteligente, chegando a reconhecer a voz do seu pastor entre mil vozes.
São 1400 raças de ovelhas no mundo, que se adaptam às condições do local onde vivem. Algo que achei de extrema importância: elas se automedicam. Ao sentirem algum desconforto, procuram as plantas que curam. E, para encerrar, foi o primeiro mamífero a ser clonado. Essas características trazem alguma semelhança com os verdadeiros cristãos? Esses traços são visíveis em sua vida?
Analisando o que vimos acima, posso afirmar que ninguém tem o direito de dizer as palavras de Davi com a mesma convicção se não se considerar ovelha. Nenhum de nós tem o direito de afirmar que o Senhor é o nosso pastor se não nos enquadrarmos nas características desse dócil animalzinho. A experiência de Davi junto às ovelhas lhe indicava que elas eram necessitadas de proteção, porém, ao colocar-se sob o cajado de Deus, ele tinha a certeza de que nada lhe faltaria, assim como ele próprio fazia em relação às suas ovelhas.
As ovelhas do Sumo Pastor não têm falta de nada. Tudo o que a ovelha necessita está ligado a Ele. O Pastor conhece o olhar, o balido, e sabe o que ela precisa. É com esse conhecimento que Davi escreve: “nada me faltará”.
O que necessitamos, que não nos pode faltar? Seguindo o raciocínio de Davi no Salmo 23, encontramos o que a ovelha necessita diariamente:
a) ALIMENTO. Deus provê alimento para todos os animais, sejam eles dóceis, feras, domesticados ou selvagens, seja onde há fartura ou no deserto. Como não dará o alimento aos seus filhos? Ele provou ser o Deus da provisão lá no deserto, enviando o maná e as codornizes, mesmo para um povo que murmurava. Ele não vai deixar faltar o pão na tua mesa.
b) ÁGUAS TRANQUILAS. O pastor não leva suas ovelhas a águas correntes e bravias, mas a lugares onde elas podem hidratar-se com segurança. Essas águas tranquilas são símbolo do Espírito Santo, que nos limpa, que nos enche de alegria e manda embora as tristezas e angústias. Ele nos guia mansamente em busca do Espírito, através do seu grande amor.
c) DESCANSO. As ovelhas do Bom Pastor podem descansar, porque Ele cuida de tudo. Quando somos crianças, ainda dependentes do nosso pai, podemos dormir tranquilos, porque temos a certeza de que ele é o provedor, cuida das portas e das janelas se estão bem fechadas, ao meio dia a comida está na mesa, e assim podemos passar o dia brincando porque tem alguém que coordena todas as coisas.
d) REFRIGÉRIO. É inevitável que passemos momentos de tristezas. Nem sempre o nosso dia é como gostaríamos, às vezes estamos fracos, porque somos humanos e pecadores. Mas Deus é quem refrigera a nossa alma, que traz a palavra certa no momento certo, que nos faz enxergar o futuro e descansar sabendo que Ele é o nosso pastor. O refrigério vem através de uma palavra, de um louvor ou de um momento de oração, portanto, pode ser encontrado a partir de algo que está à disposição de todos nós.
e) AS VEREDAS DA JUSTIÇA. O cristão verdadeiro sente prazer em obedecer, ou seja, não obedece por obrigação, mas por amor, constrangido pelo exemplo do Mestre. A justiça de Deus é perfeita, nela não há injustiça, como paradoxalmente ocorre com a justiça dos homens. Se errarmos, experimentaremos as respectivas consequências na medida certa. Se formos corretos, seremos recompensados também na medida certa. Note-se que o Salmista usa o plural ao referir-se a “veredas”, mostrando que o caminho que devemos seguir é o que Deus preparou para nós, e não aquele que pensamos ser o melhor.
f) SEGURANÇA. O Salmista não diz que não haverá o mal, mas afirma que a ovelha não teme mal algum. Deus sempre nos avisa. Portanto, não teremos argumentos para culpar Deus se formos por caminhos tortuosos. Do contrário, se andarmos na sua luz, Ele nos protege. É notório que autoridades importantes se sentem seguras com os seus guarda-costas bem armados e tripulando carros blindados. E você, como se sente, tendo como protetor o ser mais poderoso do universo?
Eu sei que o amigo leitor é uma ovelha, tem características de ovelha, dependente do Sumo Pastor. Então você tem direito a todos os benefícios do Salmo 23. Deus o abençoe!
Pr. Leandro Silva