segunda-feira, 25 de março de 2019

O tribunal de Cristo


Todo cristão autêntico sente saudades do céu, tendo como seu maior desejo deixar as coisas terrenas e se encontrar com Cristo nos ares. Entretanto, por falta de conhecimento ou por anseio de deixar as coisas daqui, esquecem que antes de tudo passaremos pelo julgamento de nossas obras.
                Paulo escreveu assim aos irmãos de Corinto: Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más...” (2 Cor 5.10 – NVI). Portanto, é clara a informação. Ninguém está isento dessa etapa, inclusive aqueles que já partiram. E continua o Apóstolo: “...os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares... (1 Tess 4.16-17). Este não é o julgamento final, naquele somente as pessoas condenadas participarão, neste somente salvos.
                A Bíblia não revela informações que muito gostaria de afirmar aqui. Por exemplo, o que receberemos nesse julgamento? Qual a recompensa das nossas boas obras? E qual a sentença das obras más?
                Encontramos textos sagrados que falam das coroas que aguardam os crentes: Coroa da glória (1 Pe 5.4), Coroa da vida (Tg 1.12), Coroa incorruptível (1 Cor 9.25), e Coroa da Justiça (2 Tm 4.8). A Bíblia também nos fala de galardão: “... e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12). Há quem pense que receberemos algo palpável, um objeto lindo, de ouro, ou uma coroa cravejada de pedras preciosas. Mas eu continuo perguntando: o que será que receberemos? Enfim, é mais lógico pensar que não receberemos objetos. Estaremos nas mansões celestes, e nossos objetivos não serão riquezas que a traça ou a ferrugem possam consumir, mas objetivos espirituais e eternos.
                Não pense que o Justo Juiz irá levar em conta nossos títulos terrenos, como pastores, pregadores, cantores, teólogos, missionários etc. Ele procura fidelidade e glorificação dos seus bons servos (Mt 25.21). Títulos não garantem galardão, muito pelo contrário, podem diminuir as obras a serem julgadas por Ele, porque grande parte das boas obras recebem a sua recompensa aqui mesmo, através de homenagens, elogios etc.
                Ao lermos o texto registrado em 1 Cor. 3.10-15, entendemos que há uma classificação para cada obra realizada na terra. Essas obras passarão pelo fogo consumidor, e as que permanecerem serão aceitas por Jesus; as que se queimarem, não resultarão em recompensa alguma. Prata, ouro e pedras preciosas correspondem ao trabalho feito com humildade e temor, para a glória de Deus (1 Cor 10.31). Madeira, feno e palha correspondem às obras feitas por vaidade, egoísmo para atrair honra para nós mesmos (Mt 6.2,5).
                Nesse tribunal, todo cristão será julgado. Portanto, eu e você estaremos na cadeira do réu. O Juiz é o próprio Senhor Jesus, e as testemunhas serão as nossas obras. Fico imaginando o que as testemunhas dirão a favor ou contra nós. O que os pensamentos irão dizer sobre mim? O que as palavras dirão? Será que os atos ocultos da minha vida são prata e ouro, ou madeira e feno?
                Eu creio que haverá muitas surpresas, talvez eu tenha feito algo de bom para alguém que eu nem saiba ou nem lembre mais, mas talvez eu tenha falado uma frase que não foi para a glória de Deus, e isso será julgado contra mim. Por isso eu peço a Deus que no tribunal o julgamento seja pessoal, somente eu e Ele. Sabe por quê? Eu não quero que você saiba sobre as minhas obras más. Se se tratasse somente das obras boas, eu não teria medo. Mas acontece que somos humanos, somos falhos, e todos teremos obras que servirão para a nossa vergonha, obras que não agradaram a Deus. Sabe aquilo que você faz de bom para alguém e depois expõe nas redes sociais? Isso se queimará, porque já recebemos a recompensa dos homens no momento da publicação.
                Naquele dia não acontecerá o que em alguns casos acontece na justiça terrena. Não haverá compra de testemunhas, não haverá suborno para o julgador, tudo será verdadeiro. Aquele que tudo vê, inclusive a intenção do coração, estará julgando. Nada fugirá ao seu controle. Quem poderá enganar o Justo Juiz? Quem poderá subornar o Poderoso Deus? Não haverá jeitinho brasileiro, não haverá um discurso que possa mudar o pensamento do julgador, não haverá tempo para fazer diferente, mas a totalidade dos nossos atos serão expostos e serão julgados com verdade.
                Mas também é no tribunal de Cristo que os crentes fiéis saberão que valeu a pena suportar as aflições, as perseguições, as lutas, as calúnias, os desertos que serviram para glorificar o nome do Senhor através de nossas vidas. É lá que a nossa fidelidade, que por vezes é sem valor aqui, fará a diferença.
                Por isso eu digo a você, leitor, mesmo que o teu trabalho não seja reconhecido pelos homens, mesmo que ninguém te agradeça pelo que faz pela obra de Deus, lembre-se, o teu trabalho não é vão no Senhor. No momento de receber o teu galardão das mãos do nosso Senhor Jesus, você será a pessoa mais feliz do universo, porque você venceu, você está prestes a entrar para as Bodas do Cordeiro, e viverá para sempre com Deus.
                Deus seja louvado!
Pr. Leandro Silva

quarta-feira, 13 de março de 2019

A Hermenêutica Brasileira Deformada


É certo que a igreja brasileira vive um momento delicado no quesito teologia. Principalmente porque a internet tem feito proliferar um evangelho que mais se parece com quadros de humor, difundindo heresias que muitas vezes são levadas aos púlpitos.
                A Bíblia sagrada registra, no livro de Oseias 4.6: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”. Essa afirmação nunca foi tão atual. Em todos os cantos do nosso País, facilmente constatamos uma igreja desinteressada em ler, entender e se aprofundar na Palavra do Senhor. E é aproveitando essa falta de conhecimento do povo que muitos falsos ministros do Evangelho, a partir de suas próprias interpretações, ensinam heresias e levam a igreja a se perder no caminho.
                Além disso, presenciamos uma desenfreada corrida ao poder, descaracterizando o verdadeiro chamado espiritual, o que provoca o interesse de muitos em se tornar conhecedores da Bíblia a todo custo para poder tornar-se líderes espirituais de uma fração da igreja.
                Com isso crescem os cursos teológicos com promessa de formação de “pastores”. E os “mestres” que idealizam e ensinam nesses cursos aproveitam-se desse grande contingente de buscadores de conhecimento para difundirem suas ideias, heresias e doutrinas descabidas. Munidos desse falho conhecimento, propagadores desse falso evangelho estão desencaminhando a igreja brasileira. Isso se comprova pelos dados estatísticos indicando o expressivo número de igrejas fundadas no Brasil nos últimos anos.
                Está registrado em 2 Timóteo 4.3: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”. Apesar de sabermos que Deus está no controle de todas as coisas, Ele tem permitido que isto aconteça, pois o tempo é chegado, e através desta hermenêutica deformada, cristãos estão em busca de pessoas que falem somente o que lhes interessa, não suportam ouvir a Verdade que liberta, mas fogem das pregações que possam lhe abrir o entendimento.
                O povo evangélico brasileiro precisa acordar dessa dormência, aplicar em sua vida cristã a hermenêutica reformada, que trouxe o real conhecimento da Palavra de Deus, dando valor à sua história, pois é a única regra infalível de interpretação. É o caminho certo e mais curto para se voltar ao verdadeiro evangelho de Cristo Jesus e, consequentemente, alcançar a vida eterna.
Pr. Leandro Silva