Jesus, ao palmilhar esta terra, nos deixou grandes
exemplos. Um deles é o fato de conseguir unir pessoas que pensam diferente,
conciliando-as, não importando sua origem, seus pensamentos ou a forma como
foram criadas e ou instruídas.
Entre
os escolhidos
por Jesus Cristo para serem seus discípulos existiam pessoas com diferentes
conceitos, ideias e ofícios. Havia pescador, publicano, médico etc. Eram homens
que pensavam e agiam diferente. Porém Jesus os chamou não levando em conta essas
diferenças.
Para ilustrar essa especial
virtude de Jesus, quero falar de Simão, o Zelote, e Mateus, o cobrador de
impostos.
Simão é citado nos Evangelhos de
Mateus, Marcos, Lucas (Mt 10.2,3; Mc 3.16-19; Lc 6.13-16), e também no livro
dos Atos dos Apóstolos (At 1.13). Seu nome está inserido na lista dos discípulos
de Cristo, mas sua origem é obscura, pois a Bíblia não traz detalhes sobre ele
antes de conhecer o Salvador. O que temos de mais claro sobre Simão é que ele
era um zelote.
A expressão zelote é uma
variação de "zelo", "ser zeloso". Os zelotes eram um
partido político judaico que não hesitava nenhum instante em usar a força, a
violência e a intriga para obter suas finalidades, com o objetivo de libertar a
nação de Israel do jugo estrangeiro. Eles, os zelotes, eram revolucionários,
representantes da oposição aos tributos trazidos pelos dominadores, os quais
usavam um lema que dizia: "Nenhum outro rei senão o Messias, nenhum
outro imposto senão o destinado ao templo, nenhum outro amigo senão um zelote". Isso
tudo devido ao grande zelo que nutriam pela Lei, a cultura e a religião judaicas.
Por outro lado, temos Mateus,
chamado de Levi nos evangelhos de Marcos e Lucas (Mc 2.14; Lc 5.27). É o autor
do evangelho que leva o seu nome. Este homem era um cobrador de impostos. Seu
posto alfandegário estava localizado na Cidade de Cafarnaum, na fronteira entre
os domínios de Herodes Antipas e seu irmão Filipe. Ele estava ali incumbido de
tributar os comerciantes e pescadores que cruzavam o mar da Galileia e os que
usavam a estrada de Damasco.
O termo publicano aplicava-se
aos cobradores do imposto romanos, de trânsito e de fronteira. Como
funcionários ativos a serviço da dominação romana, os publicanos eram
considerados traidores nacionais, apóstatas, gentios e tudo o que era
aborrecível (Mt 18.17). Seus dízimos e ofertas não eram, sob qualquer hipótese,
aceitos pelos oficiais do templo, e o israelita que a ele entregava o tributo
jamais recebia troco de suas mãos, por considerá-lo maldito.
Cabe aqui uma pergunta: sabendo-se
a origem desses dois homens chamados por Cristo, como puderam passar a viver juntos,
participando do mesmo pão, caminhando juntos, com ideias e cultura tão
diferentes? Como alguém afiliado há um partido extremista se vê imbuído pelo
desejo de se tornar um seguidor de Jesus, dispondo-se a compartilhar a sua vida
com homens como o publicano Mateus, o qual personificava muito daquilo contra o
que Simão cegamente lutava?
De fato, a convivência entre
Simão, um zelote, e Mateus, considerado traidor nacional, merece atenção
especial no que diz respeito à ação conciliadora de Jesus. Na lista dos doze
encontram-se os nomes desses dois discípulos que outrora, sempre prontos para a
luta, odiavam-se mutuamente com ódio incontido, que Jesus, atraindo-os para Si,
atraiu-os um ao outro. Mateus, o publicano, e Simão, o zelote. O primeiro,
agente pago pelo poder romano, o covarde judeu, instrumento do oppressor. O Segundo,
seu adversário, o radical patriota.
Aqui está um dos grandes
exemplos de Jesus, que, ao deparar-se com pessoas diferentes, pensamentos
diferentes, atitudes diferentes, e até pessoas que se odiavam reciprocamente, conseguia
conciliar a situação e unir os diferentes para trabalhar juntos em prol do Seu
reino.
Ao agir dessa forma, será que o
Mestre não sabia que traria um grande problema para o seu grupo de discípulos?
Será que ele não conhecia o contexto político e opressor que vivia a Judeia
naquele tempo?
Claro que sim. Porém Ele veio
para libertar, para salvar, para curar e também para unir, para colocar um
mesmo sentimento no coração das pessoas. Esta é uma prova do poder conciliador
de Jesus. Ele não perguntou se Mateus se daria bem com Simão. Se os dois
conseguiriam trabalhar juntos e anunciar um mesmo evangelho. Ele não questionou
se Simão desempenharia o trabalho missionário juntamente com Mateus; simplesmente
os discipulou, e suas palavras e seus ensinamentos transformaram o coração e a
vida desses homens.
Precisamos aprender com Jesus
essa forma perfeita de conciliar. O método que Ele usou para unir esses dois
homens. No momento em que vivemos não há tempo de ficarmos focados ou firmados
em idéias humanas, em partidarismos. O que mais precisamos é unirmo-nos cada
vez mais, deixar de lado as diferenças e seguir pregando o evangelho de Jesus
Cristo. Esses dois discípulos seguiram em suas jornadas para localidades
diferentes, mas, com uma mesma mensagem, tornaram-se apóstolos, missionários,
pregando o evangelho da salvação por várias partes do mundo antigo.
Hoje, temos diferentes formas de
pensarmos ante a política mundial, política nacional, e até mesmo municipal. Temos
várias formas de vermos o mundo em que estamos inseridos. Dentro das famílias,
temos visto diferentes formas de agir, inclusive entre os casais, que deveriam
ser "um" perante Deus. E, infelizmente, dentro das nossas igrejas,
muitas vezes nos deparamos com diferenças que chegam a separá-la em grupos, em
partidos, em congregações ou departamentos.
Esquecemos que aquele que nos
chamou requer união. Esquecemos que o Mestre, que conciliou as diferenças dos
discípulos, também é o nosso Mestre e espera que trilhemos o caminho da
unidade, visando ao bem comum a todos.
Não é momento de
discutir ideias; é momento de propagar o evangelho da salvação, buscando a
expansão do Reino. Pense nisso, pratique isso e seja um verdadeiro conciliador,
como foi o nosso Senhor e Salvador Jesus.
Pr. Leandro Silva