quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Lições do Bom Samaritano


Na Bíblia há uma história muito conhecida, registrada em Lucas, capítulo 10, a partir do versículo 25. Refiro-me a uma parábola que Jesus proferiu ao ser indagado por um mestre da lei, uma autoridade na lei mosaica.
Jesus não era bem vindo entre eles, os sábios. Prova disso é a ocorrência de vários conflitos entre Jesus e fariseus, saduceus ou com os escribas. A causa de não aceitarem Jesus é que Ele os ignorava, dava mais atenção aos pobres que viviam à margem do judaísmo. Essa atitude do Mestre incomodava os religiosos e, para piorar, Jesus falava muitas coisas que eles não gostavam de ouvir.
Em uma dessas ocasiões, um escriba ou mestre da lei resolveu pôr Jesus à prova. “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Mesmo conhecendo a lei, a pergunta foi muito tola, pois deu a entender que o escriba conhecia, porém não vivia a lei. Ao ser questionado por Jesus, o homem falou da lei com muita facilidade, pois conhecia a lei de cor e salteado. Depois de ouvi-lo, Jesus simplesmente respondeu: “Então faça isso e viverás”. O Mestre sabia que ele não vivia o que falava. Ao se sentir encurralado com o conselho de Jesus, acaba caindo numa grande armadilha ao perguntar quem era o seu “próximo”.
Jesus responde com uma narrativa, a parábola do Bom Samaritano, para deixar uma lição não somente para o escriba, mas para todos nós. Jesus não define quem é o homem que descia. Não o identifica como identificou os demais personagens, simplesmente para que nós em nossos dias possamos entender que não é raça, cor, cultura ou classe social que define o nosso “próximo”, significando que qualquer pessoa que estiver necessitada de ajuda deve ter a nossa atenção.
Em certo momento, Jesus acrescenta personagens, dois símbolos da religião judaica, o sacerdote e o levita, que na época estavam mais preocupados com o ritualismo e com o cerimonial do que com a vida prática. Provavelmente eles tinham vários motivos para não atender o necessitado, mas nenhum desses motivos servia como desculpa para deixar o necessitado abandonado à beira do caminho.
Jesus então coloca um samaritano na parábola. Quem conhece a história sabe que o mestre da lei ficou intrigado com isso. A propósito, Jesus escolheu um desprezado samaritano para ilustrar o correto tratamento que se deve dar ao próximo. Mesmo sendo odiado pelos judeus, foi o samaritano quem parou para dar auxílio ao necessitado.
O samaritano, mesmo desvalorizado, tinha um coração amoroso. E a imagem do homem naquela situação foi a fonte da íntima compaixão que o motivou. É que ele sabia colocar-se no lugar do moribundo, algo que os dois personagens anteriores não tinham condições de fazer. A prioridade para o samaritano agora era auxiliar, ajudar, estender a mão, correndo os mesmos riscos, na mesma estrada perigosa, em situação de vulnerabilidade, mas reconhecendo que naquele momento o seu próximo precisava dele. Usou aquilo que tinha para o seu próprio uso, repartiu, gastou, deixou o conforto da sua cavalgadura e seguiu a pé. Detalhe importante: não foi aplaudido por ninguém.
Após finalizar a estória, Jesus perguntou ao mestre da lei: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. Confesso que eu esperava outra resposta. Ele poderia ter dito “o samaritano”. Entretanto, mais uma vez ele provou não estar preparado para reconhecer o próximo, pois não teve coragem de identificá-lo, e disse: Aquele que usou de misericórdia.
Assim como o sol não escolhe para quem quer brilhar, o cristão não pergunta para quem deve fazer o bem, pois fazê-lo deve ser parte integrante de sua natureza. O amor benigno não reconhece fronteiras, nem faz distinção entre pessoas, mas socorre sem vacilar a qualquer um que tenha necessidade;
Com essa ilustração maravilhosa, não há quem não entenda que, para herdar a vida eterna, não basta saber a lei, mas é necessário praticá-la. Ali estava um mestre da lei que não conhecia o caminho. Na realidade ele queria saber o que fazer para “merecer” a vida eterna. Só que a vida eterna não está relacionada a merecimento.
Pergunto a você, querido leitor: o que tens feito para herdar a vida eterna?

Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

O Senhor é o meu pastor


Salmo 23

A sociedade pós moderna nos influencia a sermos cada vez mais arrojados. Se estivesse à nossa disposição escolhermos as características de algum animal, provavelmente desejaríamos as mais marcantes, como ferocidade, velocidade, tamanho, rugido etc. Mas quando lemos o Salmo 23, nos deparamos com um homem chamado Davi, que lutou contra o urso e o leão, e ainda matou o gigante. Entretanto, parece que se contradiz ao escrever as seguintes palavras: “O Senhor é o meu pastor”. É sabido que nenhum outro animal necessita de pastor, a não ser a ovelha.
Não podemos afirmar se Davi escreveu o referido Salmo quando ainda era um jovem pastor ou na sua velhice. O certo é que, olhando ou lembrando as ovelhas, ele se deu conta de que, para ter um pastor, era necessário apresentar as características de ovelha. Então ele se projeta para debaixo do cajado de Deus, se coloca na posição ao ver que as ovelhas são dependentes do seu pastor.
Basta uma breve procura na internet para encontrarmos algumas curiosidades sobre esse animal fraco, indefeso e dependente de um protetor, para encontrarmos as seguintes características: extremamente dócil, não tem garras, não tem dentes fortes, não tem veneno, obediente, porém ingênuo em certos pontos, pois se perde do grupo por simples distração, não sabe se defender dos predadores, mas, em contrapartida, é muito inteligente, chegando a reconhecer a voz do seu pastor entre mil vozes.
São 1400 raças de ovelhas no mundo, que se adaptam às condições do local onde vivem. Algo que achei de extrema importância: elas se automedicam. Ao sentirem algum desconforto, procuram as plantas que curam. E, para encerrar, foi o primeiro mamífero a ser clonado. Essas características trazem alguma semelhança com os verdadeiros cristãos? Esses traços são visíveis em sua vida?
Analisando o que vimos acima, posso afirmar que ninguém tem o direito de dizer as palavras de Davi com a mesma convicção se não se considerar ovelha. Nenhum de nós tem o direito de afirmar que o Senhor é o nosso pastor se não nos enquadrarmos nas características desse dócil animalzinho. A experiência de Davi junto às ovelhas lhe indicava que elas eram necessitadas de proteção, porém, ao colocar-se sob o cajado de Deus, ele tinha a certeza de que nada lhe faltaria, assim como ele próprio fazia em relação às suas ovelhas.
As ovelhas do Sumo Pastor não têm falta de nada. Tudo o que a ovelha necessita está ligado a Ele. O Pastor conhece o olhar, o balido, e sabe o que ela precisa. É com esse conhecimento que Davi escreve: “nada me faltará”.
O que necessitamos, que não nos pode faltar? Seguindo o raciocínio de Davi no Salmo 23, encontramos o que a ovelha necessita diariamente:
a) ALIMENTO. Deus provê alimento para todos os animais, sejam eles dóceis, feras, domesticados ou selvagens, seja onde há fartura ou no deserto. Como não dará o alimento aos seus filhos? Ele provou ser o Deus da provisão lá no deserto, enviando o maná e as codornizes, mesmo para um povo que murmurava. Ele não vai deixar faltar o pão na tua mesa.
b) ÁGUAS TRANQUILAS. O pastor não leva suas ovelhas a águas correntes e bravias, mas a lugares onde elas podem hidratar-se com segurança. Essas águas tranquilas são símbolo do Espírito Santo, que nos limpa, que nos enche de alegria e manda embora as tristezas e angústias. Ele nos guia mansamente em busca do Espírito, através do seu grande amor.
c) DESCANSO. As ovelhas do Bom Pastor podem descansar, porque Ele cuida de tudo. Quando somos crianças, ainda dependentes do nosso pai, podemos dormir tranquilos, porque temos a certeza de que ele é o provedor, cuida das portas e das janelas se estão bem fechadas, ao meio dia a comida está na mesa, e assim podemos passar o dia brincando porque tem alguém que coordena todas as coisas.
d) REFRIGÉRIO. É inevitável que passemos momentos de tristezas. Nem sempre o nosso dia é como gostaríamos, às vezes estamos fracos, porque somos humanos e pecadores. Mas Deus é quem refrigera a nossa alma, que traz a palavra certa no momento certo, que nos faz enxergar o futuro e descansar sabendo que Ele é o nosso pastor. O refrigério vem através de uma palavra, de um louvor ou de um momento de oração, portanto, pode ser encontrado a partir de algo que está à disposição de todos nós.
e) AS VEREDAS DA JUSTIÇA. O cristão verdadeiro sente prazer em obedecer, ou seja, não obedece por obrigação, mas por amor, constrangido pelo exemplo do Mestre. A justiça de Deus é perfeita, nela não há injustiça, como paradoxalmente ocorre com a justiça dos homens. Se errarmos, experimentaremos as respectivas consequências na medida certa. Se formos corretos, seremos recompensados também na medida certa. Note-se que o Salmista usa o plural ao referir-se a “veredas”, mostrando que o caminho que devemos seguir é o que Deus preparou para nós, e não aquele que pensamos ser o melhor.
f) SEGURANÇA. O Salmista não diz que não haverá o mal, mas afirma que a ovelha não teme mal algum. Deus sempre nos avisa. Portanto, não teremos argumentos para culpar Deus se formos por caminhos tortuosos. Do contrário, se andarmos na sua luz, Ele nos protege. É notório que autoridades importantes se sentem seguras com os seus guarda-costas bem armados e tripulando carros blindados. E você, como se sente, tendo como protetor o ser mais poderoso do universo?
Eu sei que o amigo leitor é uma ovelha, tem características de ovelha, dependente do Sumo Pastor. Então você tem direito a todos os benefícios do Salmo 23. Deus o abençoe!
Pr. Leandro Silva

terça-feira, 13 de agosto de 2019

O processo de fabricação do vaso


Contudo, Senhor, tu és o nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas mãos.
Isaías 64:8

Quando olhamos um vaso não imaginamos o processo que o barro passou para ser transformado em um objeto decorativo ou de uso pessoal. Na antiguidade os vasos tinham várias utilidades. Havia vasos para honra e para desonra (2Tm 2.20-21). Eram usados nas mesas como usamos hoje os copos e taças, mas também eram usados para o serviço doméstico e até como sanitários.
A Bíblia nos compara a vasos de barro, devido à forma da sua fabricação, o seu valor, assim como a sua utilidade.
O processo de fabricação inicia lá no brejo, quando o oleiro vai em busca do barro/argila. Ele olha aquele material ainda com um aspecto feio, malcheiroso, sujo, cheio de raízes e resíduos, mas já nesse momento consegue visualizar o vaso pronto, bonito e útil para alguma finalidade específica. Isso porque ele conhece a qualidade, a substância que tem aquela massa aparentemente inútil.
Levado para a olaria, o barro enfrenta vários processos, entre eles o descanso, limpeza, prensa e amassadeira, quando o barro é pisado, esquecido, cortado e amassado. Mas esse procedimento é necessário para que, ao ser trabalhada sobre a roda do oleiro, a massa esteja uniforme, sem sujeiras, sem pedras, sem bolhas e no ponto para ser moldada.
Note-se que no início do processo o barro não apresenta um aspecto bonito e limpo, mas de muita sujeira. E todos que têm contato com ele acabam sujando suas mãos e suas roupas, inclusive o local onde ele está sendo trabalhado também tem essas características.
Após o descanso do barro, já extraídos todos os resíduos e o excesso de água, o oleiro inicia a fabricação do vaso. Após girar a roda por um tempo, lá está o vaso que, depois de secar mais um pouco, vai para o forno a uma elevada temperatura, e então o oleiro tem a alegria de olhar e se orgulhar da sua obra.
A análise da fabricação do vaso nos traz muitos ensinos. Porém quero falar de apenas cinco situações que passamos para nos tornar um vaso de honra nas mãos do nosso Deus.
1. Escreveu o salmista, no Salmo 40: Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo… Deus sabe o valor daquele a quem Ele próprio estende a mão e tira da vida de pecado. Deus sabe o que pode ser feito através daquele barro, e tem um propósito para ele quando passar por todas as etapas do amadurecimento. Isso trará dor, desprezo, perseguição. Deus sabe disso, pois Ele conhece o nosso futuro. Por isso Ele já visualiza o vaso que será construído. Não será um vaso qualquer, porque tudo o que Deus faz é bom e em tudo há proveito.
2. E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá (1Pe 5.10). O processo que o barro enfrenta na olaria de Deus é doloroso, muitas vezes esquecido pelos homens, pisado pelos orgulhosos, amassado pelos que se dizem amigos, mas tudo isso é necessário, são etapas que transformam o barro em uma massa homogênea, um barro completamente moldável por Deus. Quando Ele o levar para a roda, não vai ter dificuldades para fazer conforme Sua vontade.
3. Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres (Ef 5.11). O modelo e o tamanho do vaso não são projeto humano; “Ele designou”. Sendo assim, nós, os seus servos, não temos o direito de escolher o que queremos ser no Reino de Deus. Vemos muitas pessoas escolhendo cargos, correndo atrás de títulos, se especializando para alcançar objetivos ministeriais, cantando igual ao seu ídolo, pregando como o famoso pregador, o que não é escolha sua. Espera em Deus, que Ele está te formando conforme o seu querer. Deus sabe qual será a utilidade do vaso. Também precisamos saber que Deus não fabrica vasos por linha de produção, Ele se dedica a fabricar cada um, especialmente. Ele vê algo especial e diferente em cada um. Por isso não queira ser igual a ninguém, pois Deus destinou tempo exclusivo para te fazer um vaso especial e único.
4. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1Co 6.19). Lembra que para amolecer o barro e amassá-lo se faz necessário muita água durante o processo. Barro endurecido é impossível de ser moldado. A água, nesse caso, é o símbolo do Espírito Santo. Ninguém suportaria ser pisado, esquecido e amassado sem a ação do Consolador. Ele está presente em todos os momentos da tua vida, infiltrado em cada centímetro para que nada se perca, mas é inevitável que, quando o barro é deixado para descansar, a água comece sair lentamente, pois o barro não segura a umidade.
Mas tem o momento do forno, a última batalha do vaso, que é a prova de fogo. Mas assim como o quarto homem esteve na fornalha com os três moços, Ele estará contigo. Ao ser tirado do forno, algo muda no vaso, acontece uma grande transformação, e a água que não permanecia no barro, agora pode ser derramada em abundância, porque a forma côncava do vaso é própria para manter o Espírito Santo dentro de si. E as paredes do vaso agora não são mais barro, mas se tornaram uma espécie de cerâmica, impossibilitando a fuga da água. Nesse momento o homem estará desfrutando da total companhia do Espírito Santo, pois tornara-se casa, templo dEle.
5. Apenas duas são as ferramentas usadas por Deus para a fabricação do vaso na roda. Nenhuma outra é necessária para que o vaso saia perfeito. Após o pedaço de barro ser colocado “no centro” da vontade de Deus e começar a rodar, as mãos do Oleiro serão colocadas no interior do barro, fazendo as mudanças necessárias de dentro para fora, até que o vaso ganhe forma. E nesse processo não pode faltar água em abundância.
Não se deixe ser moldado por ninguém. Vaso que se preze segue o mesmo processo de fabricação dos tempos de Jeremias, não havendo necessidade de mais do que as mãos do Oleiro e água. Muitos querem fabricar obreiros por aí, mas não têm o mesmo resultado. Portanto, entregue-se nas mãos de Deus, com o auxílio do Espírito Santo, e verás onde você chegará!
Querido, você que está lendo este artigo, saiba que todo o processo de fabricação é doloroso. Mas ao atingir o status de vaso, verás que as etapas da tua vida espiritual e ministerial valeram a pena, pois você aprendeu muito, e hoje está sendo usado como um vaso para honra. Nenhum oleiro gostaria de produzir vasos para descarte, mas para usá-los com muito carinho e orgulho do trabalho realizado. Você é especial, você é um vaso exclusivo!

Pr. Leandro Silva

sábado, 6 de julho de 2019

Convenção na Argentina


Tive a honra de juntamente com o Pr. Argemiro R. da Silva, o Ev. Isaac Goulart e o Pb. Alceu Garcia participar de mais uma AGO da COMADAR (Convenção de Ministros a Assembleia de Deus na Argentina) na cidade de Oberá, Missiones, na ocasião fui um dos palestrantes sob o tema: Os conflitos no ministério pastoral. Louvo a Deus pela vida do Pr. Nilton de Oliveira, presidente; Pr. Selmo Batista, vice presidente e Pr. Gerson, anfitrião. Na ocasião também foi empossado como presidente regional da província de Córdoba o nosso missionário Ev. Flávio Pereira. A Deus toda a glória para sempre.


Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Perseverança


No evangelho de Lucas capítulo 2 e versículos 36 ao 38, encontramos um breve relato da vida da profetiza Ana. Essa mulher vivia no templo, dia e noite, orando e jejuando a Deus. Para nos localizarmos melhor, quero relatar a história que antecede esse momento.
Falamos do período interbíblico, o espaço de tempo entre o Antigo e o Novo Testamento. Foram mais de 400 anos de silêncio de Deus para com o seu povo. Mesmo havendo a promessa de um Messias, parecia que as coisas não estavam acontecendo como o esperado. No ano 175 a.C, Antíoco Epifanio assumiu o poder na palestina, iniciando assim um período dramático para os judeus. Esse líder proibiu elementos fundamentais dos costumes judaicos, tentou destruir todas as cópias da Torá, exigiu que o deus grego Zeus fosse cultuado e, por fim, o maior desrespeito para com os judeus, ele sacrificou um porco no templo de Jerusalém.
Ana nasceu nesse período dramático, mas a cultura judaica, os ensinos da Torá e dos profetas foram solidamente sedimentados em sua mente e em seu coração.
No ano 37 a.C, Herodes inicia seu governo sobre a terra santa (o período Herodiano).
Ana se casa, mas após sete anos do seu casamento seu marido vem a morrer. A Profetiza, então, sabendo da promessa de que haveria de nascer um que pisaria a cabeça da serpente, colocou no seu coração de dar a vida para servir no templo. E assim o fez.
Ana tornou-se uma autêntica mulher de oração, de jejum e dedicação ao Senhor. E mais: era uma mulher perseverante; esperava convicta o que Deus havia prometido, desejava com ardor ver a redenção de Jerusalém.
Certo dia Ana estava no templo, e entrou um casal com uma criança para ser apresentada a Deus, como era costume dos judeus. Creio que nesse momento Deus confirmou no coração de Ana que ali estava o começo do cumprimento da promessa. Conjecturo: Ana tomou nos braços, acariciou a criança, olhou para Simeão, que com um olhar e meio sorriso confirmou que em seus braços estava o Salvador do mundo, o libertador de Israel.
Não por acaso a Bíblia registra o testemunho desta mulher. A sua perseverança nos anima. Ela passou muitos anos servindo no templo sem se dar ao luxo de se casar novamente, aguardando o momento especial em sua vida: ter o menino Jesus nos braços.
Nós, cristãos, temos muitas promessas. A maior delas é a vinda de Jesus nos ares e, consequentemente, o arrebatamento. Mesmo assim, esperamos tantas coisas que pedimos a Deus, tantos sonhos que ansiosos aguardamos, porém, muitas vezes, não somos perseverantes como foi Ana.
Talvez alguém perguntasse a Ana: você ainda tem esperança de ver o Messias? Por que você não abandona essa ideia e volta para sua terra, para sua casa, e vai viver a tua vida? Assim estamos nós. A promessa do arrebatamento ainda não foi cumprida. Já se passaram dois mil anos, e ainda esperamos. Quantos morreram aguardando a promessa? Existem coisas que se cumprem nas nossas vidas quando ainda estamos vivos; outras podem se cumprir após a nossa morte.
A Bíblia não registra que Ana viu os milagres de Jesus, que Ana acompanhou as pregações dEle, que esteve presente na sua crucificação. Mas ela teve o grande privilégio de saber que Deus iniciou o processo de restauração de Israel com o nascimento do menino. Ana esteve com Ele nos braços.
O que você tem esperado de Deus? Por qual motivo tens sido perseverante? Contemple o bebê, tenha fé que tudo se cumprirá por completo. Talvez você não esteja mais aqui quando acontecer o completo cumprimento do propósito de Deus. Entretanto, a promessa já está em processo. Creia, assim como Ana. Não desista. Não desanime com o passar dos anos, porque Deus é poderoso e fiel para cumprir as suas promessas.
Deus abençoe a tua vida!

Pr. Leandro Silva

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Oportunidade dispensada



Ao lermos o primeiro livro de Samuel, a partir do capítulo 24, encontraremos o relato de duas ocasiões em que Davi teve a oportunidade de tirar a vida de Saul, seu rei e sogro.
O atrito entre ambos já vinha de algum tempo, mas a partir desse capítulo se intensificou. Davi foi delatado pelos zifeus, e Saul arregimentou seus soldados (um número de três mil) para perseguir Davi e seus companheiros. A ordem era uma só: matar.
Para quem conhece a história bíblica, não é difícil entender que a morte de Saul daria o reino a Davi. Na verdade havia muita coisa a ser conquistada por Davi e, consequentemente, perdida por Saul. É nesse ponto que quero comentar uma das lições da vida de Davi que devemos aplicar em nossas vidas também.
Estamos vivendo dias em que as pessoas buscam espaços e oportunidades para subir na vida a todo custo, seja subindo degraus pelo próprio esforço, seja tomando o lugar de alguém. Modernamente, parece que todas as atitudes que tomamos precisam ter algo por trás no sentido da obtenção de alguma vantagem pessoal ou mesmo patrimonial. Uma amizade sincera é algo raro. De regra os interesses pessoais sempre falam mais alto. Já se tornou normal uma pessoa aproximar-se da outra apenas com o objetivo de conquistar algo, de buscar um favor ou uma porta para o sucesso. Ajudar quem não dá nada em troca está fora de cogitação. Quando uma pessoa consegue subir na vida, menosprezar e até zombar dos que duvidaram da sua capacidade de galgar uma posição de destaque representa a melhor parte da vitória.
Então me pergunto: será que a Bíblia nos dá o direito de agir dessa forma?
Saul forjou em seu coração vários motivos para tirar a vida de Davi. Sentia grande inveja pelo fato de Davi ter sido ungido por Samuel, o que fatalmente levaria à sua queda como rei. Então passou a agir com todas as forças para evitar que Davi tomasse o seu lugar. Nutria também um sentimento de ciúme desmedido porque o povo demonstrava grande amor por Davi, o que não mais constatava em relação à sua pessoa. Saul não admitia ficar em segundo plano.
Saul não entendia e não admitia, mas paralelamente havia algo extraordinário acontecendo. O plano de Deus na vida de Davi. O plano de Deus na vida do homem provoca as mais variadas consequências. Pessoas que diziam te amar e querer o teu bem, que precisam de você para muitas coisas, quando ficam sabendo que Deus tem um plano em tua vida, dão as costas, passam a ver em você apenas os defeitos (que todo ser humano tem). Quando sabem que você está prestes a ser abençoado por Deus e ter um ministério profícuo, os mesmos “amigos” passam a encontrar motivos de sobra para tentar acabar com teus sonhos, abortando teu ministério.
Não é necessário fazer nenhum mal; o simples fato de Deus começar um projeto através de ti, basta. Saul queria a morte de Davi, mesmo ele não cometendo nada contra o rei. Em Samuel 24.11 ele diz: “vê que não há nada na minha mão, nem mal nem rebeldia alguma, e que não pequei contra ti”. Três mil homens o perseguindo sem que tivesse levantado um dedo contra Saul.
É triste quando você sabe que aquele que quer o teu mal consegue reunir pessoas para lutar contra você. Mas é confortante saber que o plano de Deus, no final, sempre se cumprirá. Foi assim com Davi. Para vergonha de Saul, mesmo procurando todas as maneiras para tirar a vida de Davi, ele não conseguiu, e isso por um exclusivo motivo: Deus tinha um plano na vida de Davi.
Aos olhos humanos Davi tinha muitos motivos para aproveitar a ocasião e colocar um ponto final na sua fuga. Porém aquele que serve a Deus tem discernimento. Davi conhecia o Deus dos céus e suas leis, entendia que existem coisas que nós, seres humanos, devemos fazer, e existem coisas que só Deus tem o direito e o poder de fazer.
Davi deixou muito claro esse conceito quando, após cortar um pedaço da orla do manto de Saul, conseguiu vencer a tentação. Ele tinha discernimento, conhecia as leis de Deus, ele sabia que no momento de Deus ele chegaria onde Deus queria. Nesse caso, ele não deveria intervir no projeto de Deus. Aliás, ele se arrependeu inclusive de ter cortado o pedaço do manto do seu rei, entendeu que o mínimo mal que façamos ao nosso semelhante deve nos deixar com o coração pesaroso. Se isso não acontece é porque nossa consciência está cauterizada. Mas mesmo para nossos inimigos? Sim. A Bíblia nos ensina que devemos orar por eles.
O segundo encontro que Davi teve com Saul, a segunda oportunidade de tirar a vida do seu rei, nos traz uma lição importante. O seu servo Abisai lhe disse: “Deus te entregou hoje nas mãos o teu inimigo”, aproveita. Mais uma prova de que Davi era consciente, estava com muitos problemas, sendo perseguido, tinha promessas a serem cumpridas na sua vida, mas continuava tendo comunhão com Deus, sabia quando a oportunidade vinha de Deus ou do diabo.
O inimigo sempre tenta nos desestabilizar. Veja como ele armou para Davi. E se Davi tivesse aproveitado a oportunidade, talvez a promessa teria atrasado, ou talvez nem se concretizasse. Mas Davi soube discernir que aquele cenário, a ocasião não fora montada por Deus, e sim pelo inimigo. O Diabo arruma o cenário quando quer que pequemos contra Deus ou contra nosso semelhante.
Precisamos estar sempre vigiando para não cairmos no laço do inimigo. Toda vez que, para alcançar nossos objetivos, precisarmos cometer um pecado, um erro, temos a certeza de que não é Deus, mas o Diabo que está nos armando o laço.
Deus é quem dá a vida, e somente Ele tem poder para tirá-la. Pode você estar passando por problemas, perseguições vindas através de alguém chegado a ti, talvez da família, da igreja a qual congrega, mas não abra mão do teu caráter, não levante a mão contra ninguém, mesmo que você esteja em melhor situação, mesmo que o controle da situação esteja contigo, não use as oportunidades para ferir, matar ou humilhar quem quer que seja. Você precisa ser forte para vencer a tentação. Tenha consciência como teve Davi, que podia ter cortado a cabeça de Saul, mas preferiu cortar apenas a orla do manto.
Saiba que você só prova quem é e onde a tua fé está firmada quando você mostra o que tem nas mãos, diante das oportunidades. A orla prova que você é um ser transformado, que deixa tudo nas mãos de Deus; a cabeça de alguém prova que continua sendo dominado pela natureza pecaminosa.
Davi não matou Saul por impedimento de alguém, mas porque temia a Deus. Talvez alguém pode te dizer que você é covarde por ter agido como Davi, não aproveitou a ocasião, não tem objetivos. Mas eu posso te dizer que aquele que vence a tentação é porque está fortalecido em Deus, é porque confia na justiça divina e aguarda o momento de Deus, e o momento de Deus é o mais seguro para nós. Quando surgir ocasião como essa que você pode usar para teu sucesso, faça como Davi, chama teu irmão, dá um abraço, baixa a guarda e diga como Jesus falou, “Pai, perdoa, porque eles não sabem o que fazem”.

Pr. Leandro Silva

terça-feira, 7 de maio de 2019

Como nos dias de Noé


                Durante o sermão profético, registrado no livro de Mateus, Jesus lembra os tempos de Noé (Mt 24.36-44), quando exorta os seus discípulos à vigilância. O Mestre faz um paralelo entre os dias que se aproximam do arrebatamento com a época em que Noé construíra a arca.
                Analisando bem o texto, podemos nele enquadrar a maioria dos cristãos atuais. Todos creem no arrebatamento, entretanto não acreditam que somente serão arrebatados os que estiverem vigilantes e preparados para o momento mais importante da igreja, e, se acreditam, suas atitudes não reforçam essa ideia. Basta observar suas vidas, suas redes sociais, seu vocabulário e a forma como se comportam na igreja, quando vão.
                Naqueles dias havia algo que impediu que o povo acreditasse na mensagem de Noé. Não por acaso Jesus associou aquele acontecimento com o arrebatamento. Os livros teológicos apontam quatro motivos que levam à descrença na mensagem de Cristo, tornando o modo de vida dos crentes atuais muito semelhante ao comportamento do povo nos dias do dilúvio. São eles: carnalidade, mundanismo, ignorância humana e falta de prontidão.
                Carnalidade corresponde aos apetites do corpo, ou seja, a tudo o que se contrapõe ao que é espiritual. Ser carnal é estar em uma posição antiespiritual, que separa o homem de Deus. Carnalidade também é a sensualidade e lascívia. Essas coisas têm tirado muitas pessoas da presença de Deus, seja pelo modo de agir, vestir ou pensar, muitas vezes sem achar que está errado perante Deus.
                O mundanismo, muito falado nos púlpitos das igrejas, é a perda dos valores cristãos e a pressão sofrida pelos crentes à ilusão do secularismo que, através de conceitos, comportamentos e práticas anticristãs, tem se infiltrado na igreja, fazendo com que os cristãos sejam influenciados pelo mundo, quando deveria ser ao contrário. O secularismo no simples modo de pensar é um estilo de vida que se inclina para o profano, deixando de lado o que é sagrado.
                A ignorância humana é a falta de entendimento daquilo que se conhece; não é que o homem não saiba, mas é o agir como se não soubesse. Significa simplesmente ignorar que o arrebatamento um dia acontecerá, mesmo conhecendo as profecias.
                A falta de prontidão é o descaso, a falta de preocupação. Para sermos bons soldados, precisamos estar sempre em prontidão. Lembremo-nos das virgens loucas da parábola de Jesus. Elas estavam com as prudentes, porém despreparadas, até que chegou o momento em que o tempo acabou.
                Nos dias de Noé, os homens eram insensíveis às profecias. E o que vemos na atualidade? Tudo o que se refere à volta de Jesus é ignorado, porém qualquer profecia que aponte uma melhora na vida terrena, como bênçãos financeiras, bênçãos ministeriais ou sucesso no casamento, é muito bem vinda. Essas coisas são boas, são excelentes e não são pecado, mas estão tirando o foco principal, que é a preparação, a vigilância.
                O versículo 38 nos leva a entender que havia uma falta de respeito à mensagem de Noé. Mesmo ouvindo a pregação, o povo continuava na carnalidade, no mundanismo, e ignorando suas palavras. Não havia temor, não aceitavam a repreensão.
                Nesta semana circulou uma frase nas redes sociais que dizia: “No passado o pastor pregava a verdade e as pessoas mudavam de vida; hoje elas mudam de igreja”. Isso define muito bem o que acontecia nos dias de Noé.
                O teor do versículo bíblico que mencionei acima registra que as pessoas “comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento”. Então pergunto, qual o erro dessas práticas? Onde está o pecado ao comer, beber e se casar? A mensagem que Jesus queria passar era de que eles estavam vivendo uma vida normal e secular, ignorando a Deus e as palavras de Noé. Parece que seria mais lógico se Jesus tivesse dito que enquanto Noé construía a arca o povo matava, roubava e se prostituía. Porém Jesus quer nos dizer que apenas levar uma vida normal significa não estar preparado. O Senhor exige mais do que levar uma vida normal, apenas não cometendo pecados. Exige que estejamos vigilantes, tendo comunhão com Deus. São as práticas que achamos não ser pecado que estão nos tornando crentes mundanos e carnais.
                Vivemos tempos em que as coisas lícitas estão nos destruindo, e nós achamos correto. A terra estava cheia de violência, de crimes hediondos, assim como acontece hoje. Aliás, nós criamos níveis de pecados, nos autoenquadramos em menos pior, melhor que os outros, nem tão pecador, e achamos que assim seremos salvos. Ficamos na dependência da misericórdia de Deus, da bondade de Deus, e esquecemos que Deus é justo, e que no céu não entra pecado.
O versículo 39 diz que “eles não perceberam”. Até quando congregaremos com pessoas desapercebidas? Que estão há três ou quatro décadas dentro da igreja, perdendo tempo, perdendo os prazeres do mundo, e não alcançarão o gozo eterno? A vergonha de confessarem seus erros é que os tornaram céticos.
É preciso alertar essa geração que cultua conosco, evangeliza conosco, chora conosco, mas segue destino eterno diferente. O arrebatamento será surpreendente, assim como aconteceu no dilúvio. Talvez houvesse pessoas que acreditassem, entretanto, por não estarem preparadas, foram levadas pelas águas.
Ainda há tempo. Deixe de lado tudo o que te distancia do Senhor, esteja preparado, pois a porta da arca ainda está aberta.

Pr. Leandro Silva

segunda-feira, 25 de março de 2019

O tribunal de Cristo


Todo cristão autêntico sente saudades do céu, tendo como seu maior desejo deixar as coisas terrenas e se encontrar com Cristo nos ares. Entretanto, por falta de conhecimento ou por anseio de deixar as coisas daqui, esquecem que antes de tudo passaremos pelo julgamento de nossas obras.
                Paulo escreveu assim aos irmãos de Corinto: Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más...” (2 Cor 5.10 – NVI). Portanto, é clara a informação. Ninguém está isento dessa etapa, inclusive aqueles que já partiram. E continua o Apóstolo: “...os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares... (1 Tess 4.16-17). Este não é o julgamento final, naquele somente as pessoas condenadas participarão, neste somente salvos.
                A Bíblia não revela informações que muito gostaria de afirmar aqui. Por exemplo, o que receberemos nesse julgamento? Qual a recompensa das nossas boas obras? E qual a sentença das obras más?
                Encontramos textos sagrados que falam das coroas que aguardam os crentes: Coroa da glória (1 Pe 5.4), Coroa da vida (Tg 1.12), Coroa incorruptível (1 Cor 9.25), e Coroa da Justiça (2 Tm 4.8). A Bíblia também nos fala de galardão: “... e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12). Há quem pense que receberemos algo palpável, um objeto lindo, de ouro, ou uma coroa cravejada de pedras preciosas. Mas eu continuo perguntando: o que será que receberemos? Enfim, é mais lógico pensar que não receberemos objetos. Estaremos nas mansões celestes, e nossos objetivos não serão riquezas que a traça ou a ferrugem possam consumir, mas objetivos espirituais e eternos.
                Não pense que o Justo Juiz irá levar em conta nossos títulos terrenos, como pastores, pregadores, cantores, teólogos, missionários etc. Ele procura fidelidade e glorificação dos seus bons servos (Mt 25.21). Títulos não garantem galardão, muito pelo contrário, podem diminuir as obras a serem julgadas por Ele, porque grande parte das boas obras recebem a sua recompensa aqui mesmo, através de homenagens, elogios etc.
                Ao lermos o texto registrado em 1 Cor. 3.10-15, entendemos que há uma classificação para cada obra realizada na terra. Essas obras passarão pelo fogo consumidor, e as que permanecerem serão aceitas por Jesus; as que se queimarem, não resultarão em recompensa alguma. Prata, ouro e pedras preciosas correspondem ao trabalho feito com humildade e temor, para a glória de Deus (1 Cor 10.31). Madeira, feno e palha correspondem às obras feitas por vaidade, egoísmo para atrair honra para nós mesmos (Mt 6.2,5).
                Nesse tribunal, todo cristão será julgado. Portanto, eu e você estaremos na cadeira do réu. O Juiz é o próprio Senhor Jesus, e as testemunhas serão as nossas obras. Fico imaginando o que as testemunhas dirão a favor ou contra nós. O que os pensamentos irão dizer sobre mim? O que as palavras dirão? Será que os atos ocultos da minha vida são prata e ouro, ou madeira e feno?
                Eu creio que haverá muitas surpresas, talvez eu tenha feito algo de bom para alguém que eu nem saiba ou nem lembre mais, mas talvez eu tenha falado uma frase que não foi para a glória de Deus, e isso será julgado contra mim. Por isso eu peço a Deus que no tribunal o julgamento seja pessoal, somente eu e Ele. Sabe por quê? Eu não quero que você saiba sobre as minhas obras más. Se se tratasse somente das obras boas, eu não teria medo. Mas acontece que somos humanos, somos falhos, e todos teremos obras que servirão para a nossa vergonha, obras que não agradaram a Deus. Sabe aquilo que você faz de bom para alguém e depois expõe nas redes sociais? Isso se queimará, porque já recebemos a recompensa dos homens no momento da publicação.
                Naquele dia não acontecerá o que em alguns casos acontece na justiça terrena. Não haverá compra de testemunhas, não haverá suborno para o julgador, tudo será verdadeiro. Aquele que tudo vê, inclusive a intenção do coração, estará julgando. Nada fugirá ao seu controle. Quem poderá enganar o Justo Juiz? Quem poderá subornar o Poderoso Deus? Não haverá jeitinho brasileiro, não haverá um discurso que possa mudar o pensamento do julgador, não haverá tempo para fazer diferente, mas a totalidade dos nossos atos serão expostos e serão julgados com verdade.
                Mas também é no tribunal de Cristo que os crentes fiéis saberão que valeu a pena suportar as aflições, as perseguições, as lutas, as calúnias, os desertos que serviram para glorificar o nome do Senhor através de nossas vidas. É lá que a nossa fidelidade, que por vezes é sem valor aqui, fará a diferença.
                Por isso eu digo a você, leitor, mesmo que o teu trabalho não seja reconhecido pelos homens, mesmo que ninguém te agradeça pelo que faz pela obra de Deus, lembre-se, o teu trabalho não é vão no Senhor. No momento de receber o teu galardão das mãos do nosso Senhor Jesus, você será a pessoa mais feliz do universo, porque você venceu, você está prestes a entrar para as Bodas do Cordeiro, e viverá para sempre com Deus.
                Deus seja louvado!
Pr. Leandro Silva

quarta-feira, 13 de março de 2019

A Hermenêutica Brasileira Deformada


É certo que a igreja brasileira vive um momento delicado no quesito teologia. Principalmente porque a internet tem feito proliferar um evangelho que mais se parece com quadros de humor, difundindo heresias que muitas vezes são levadas aos púlpitos.
                A Bíblia sagrada registra, no livro de Oseias 4.6: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”. Essa afirmação nunca foi tão atual. Em todos os cantos do nosso País, facilmente constatamos uma igreja desinteressada em ler, entender e se aprofundar na Palavra do Senhor. E é aproveitando essa falta de conhecimento do povo que muitos falsos ministros do Evangelho, a partir de suas próprias interpretações, ensinam heresias e levam a igreja a se perder no caminho.
                Além disso, presenciamos uma desenfreada corrida ao poder, descaracterizando o verdadeiro chamado espiritual, o que provoca o interesse de muitos em se tornar conhecedores da Bíblia a todo custo para poder tornar-se líderes espirituais de uma fração da igreja.
                Com isso crescem os cursos teológicos com promessa de formação de “pastores”. E os “mestres” que idealizam e ensinam nesses cursos aproveitam-se desse grande contingente de buscadores de conhecimento para difundirem suas ideias, heresias e doutrinas descabidas. Munidos desse falho conhecimento, propagadores desse falso evangelho estão desencaminhando a igreja brasileira. Isso se comprova pelos dados estatísticos indicando o expressivo número de igrejas fundadas no Brasil nos últimos anos.
                Está registrado em 2 Timóteo 4.3: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”. Apesar de sabermos que Deus está no controle de todas as coisas, Ele tem permitido que isto aconteça, pois o tempo é chegado, e através desta hermenêutica deformada, cristãos estão em busca de pessoas que falem somente o que lhes interessa, não suportam ouvir a Verdade que liberta, mas fogem das pregações que possam lhe abrir o entendimento.
                O povo evangélico brasileiro precisa acordar dessa dormência, aplicar em sua vida cristã a hermenêutica reformada, que trouxe o real conhecimento da Palavra de Deus, dando valor à sua história, pois é a única regra infalível de interpretação. É o caminho certo e mais curto para se voltar ao verdadeiro evangelho de Cristo Jesus e, consequentemente, alcançar a vida eterna.
Pr. Leandro Silva

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Prontos para morrer, mas não para pecar


O texto de Daniel capítulo 3 nos traz um belo relato de obediência a Deus. Três moços foram levados de Jerusalém como prisioneiros para a Babilônia, a cidade mais badalada do momento. Os mesmos que juntamente com Daniel não se contaminaram com os manjares do rei. Misael, Ananias e Azarias eram seus nomes, mas na Babilônia passaram a chamar-se Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
                Na nova vida, eles não perderam as oportunidades de crescimento intelectual e cultural através da educação formal. Assim, tornaram-se pessoas bem sucedidas, tendo sido elevados a superintendentes sobre os negócios da província da Babilônia. Mas em um aspecto não mudaram. Não deixaram que as más influências daquele mundo novo minassem a sua fé em Deus; pelo contrário, buscaram aproximar-se de Deus de forma ainda mais intensa.
                Chega o momento em que Nabucodonosor decide consolidar todas as nações do mundo em uma só, debaixo de uma só religião. Constrói uma estátua para ser adorada, determinando que todos os povos que estavam sob o seu domínio se curvem perante ela. Uma tentativa clara de tirar o foco dos jovens hebreus, que se mantinham fiéis ao Deus verdadeiro desde quando chegaram àquela terra.
                Uma multidão reunida diante de algo lindo. Uma estátua de 30 metros de altura refletindo os raios do sol, música da melhor qualidade, com instrumentos para todos os gostos.
                Nesse culto religioso de Nabucodonosor não havia nada para as almas sedentas. Apenas para os olhos e os ouvidos. Nada para o coração, nada que tocasse profundamente, nada que transformasse vidas. Além disso, a adoração era uma ordem, e não um convite. Era algo forçado, e não um sentimento.
                O inimigo tenta forçar os cristãos a aceitarem o seu tipo de adoração, o seu tipo de música, o seu tipo de culto. E muitos estão caindo na armadilha, utilizando-se das mais variadas justificativas, dos mais variados argumentos, como a necessidade de externar um comportamento “politicamente correto”, ou “me fazer de tolo para ganhar os tolos” etc. Enquanto isso, o Diabo vai minando as vidas com um falso cristianismo, sem sangue, sem cordeiro, sem sacrifício, sem perdão de pecados - consequentemente sem vida eterna -, sem promessas, apenas com belas imagens e belas canções que atraem multidões de corações vazios.
                A decisão de não se curvar perante a estátua não foi algo combinado entre os jovens; foi algo espontâneo, fruto de convicção e fidelidade a Deus. Algo simples para quem vivia havia vários anos em uma terra distante, talvez longe dos familiares, mas perto de Deus. É possível que grande parte dos judeus residentes na Babilônia se curvaram. Mas os três jovens tiveram atitude e coragem para agir diferente em uma sociedade corrompida. Eles sabiam o que estavam fazendo.
                Lá no princípio do livro de Daniel eles já tinham tomado decisão firme de não se contaminar. Agora os três jovens resolvem, firmemente, não se curvar à nova religião do rei.
                Quando se tem experiências com Deus, é mais fácil tomar sábias decisões. Optar pelo Deus verdadeiro sempre é a melhor e mais sábia decisão, não importando o que deverá ser enfrentado, se é a cova ou é o fogo, porque se Deus quiser livrar, Ele vai livrar.
                Deus procura homens e mulheres com essas mesmas atitudes. Que não aceitam a pressão imposta por Satanás aos seus servos, que não se curvam à religiosidade, às belas apresentações, mas buscam preencher o vazio da alma. Homens que tenham experiências com Deus sem ter medo de perder amizades, cargos, empregos.
                Entretanto, para chegarmos a esse nível devemos fazer a diferença, discernindo tudo o que nos rodeia. Veja-se que o mesmo rei que ofereceu iguarias e seus manjares aos três hebreus, foi o que os lançou na fornalha.
                Tomemos cuidado com as ofertas. O mundo não quer o nosso bem. Pode até oferecer algo atrativo, mas o fim é o fogo eterno. Bem disse Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tendes bom ânimo, Eu venci o mundo”. Não somos daqui; somos forasteiros em terra estranha, e precisamos levar conosco o sentimento de estar sempre prontos para morrer. Mas nunca para pecar contra Deus.
Pr. Leandro Silva

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Os dois fundamentos


Essa é uma das parábolas conhecidas da Bíblia, proferida por Jesus como conclusão do Sermão do Monte para a multidão que lhe rodeava. Foi registrada por Mateus e por Lucas.
                Entendemos que Jesus não estava passando uma lição de construção civil, mas estava comparando os dois construtores, o prudente e o insensato. O prudente fez o correto, cavou fundo até achar a rocha e ali pôs o fundamento da sua casa. Em contrapartida, o insensato fez algo que ninguém faria, não pôs fundamento algum, simplesmente construiu sobre a areia.
                Imaginando as duas casas, veremos edificações iguais. As duas em cima da areia, as duas sofrendo pelo vento, pela enchente e pela chuva. Uma tinha alicerces que chegavam à rocha; a outra não; uma ruiu, a outra não.
                Jesus comparou a construtores aquelas pessoas que ouvem a sua Palavra e a praticam ou não. O homem que cavou, trabalhou e esforçou-se, experimentou o seu resultado no momento em que a sua casa enfrentou as dificuldades impostas pela natureza. O outro também viu o resultado da falta de esforço quando viu a sua casa cair.
                A vida cristã é uma constante construção. Casas fortes permanecem, e serão usadas pelos filhos, pelos netos, assim como aquelas casas grandes das famílias tradicionais, cujos construtores partiam, mas a família continuava usando.
                Casas fracas servem somente para destruição. É a isso que Jesus se refere quando compara o homem insensato com aquele que alicerça sua casa sobre a areia. Em outros termos, o Mestre está dizendo que somente ouvir a sua Palavra não basta; é preciso colocá-la em prática. Somente ouvir nos leva a destruição espiritual.
                Você sabe o tamanho do alicerce da casa ou do prédio em que você reside? Quando olhamos os arranha-céus das praias, podemos imaginar o tamanho da fundação. Quanto tempo ficaram os trabalhadores edificando os fundamentos? Será que vale a pena tanto esforço, já que ninguém pode ver? Não seria melhor investir na arquitetura, no material ou na decoração do prédio do que naquilo que vai ficar oculto?
                Assim é a vida cristã. Para termos bons fundamentos, nos custará tempo, esforço, dedicação, leitura, oração, jejum e consagração. E é bom esclarecer que ninguém vai elogiar os teus momentos a sós com Deus. Entretanto, quando vier a tempestade, você verá o quanto é bom estar fundamentado em Jesus Cristo, a Rocha Eterna.
                Se você se identificou com a casa sem fundamentos, abandona ela, porque, quando vierem as chuvas e os ventos, ela vai cair, e você vai se machucar, a tua família vai sofrer.
                Comece uma nova casa ainda hoje. Mas não deixe de cavar fundo, até encontrar a Rocha.

Pr. Leandro Silva